Repique do desmatamento é alerta para cumprimento efetivo do Código Florestal

5 de julho de 2017 | Notícias

jul 5, 2017 | Notícias

Em um misto de celebração pelos cinco anos de implantação do Código Florestal, a avaliação dos resultados alcançados até aqui e os desafios postos na mesa para os próximos anos, o Observatório do Código Florestal, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Frente Parlamentar Ambientalista reuniram em Brasília o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Serviço Florestal Brasileiro, senadores, deputados, especialistas, pesquisadores e entidades representativas do tema ambiental no país.

Para o diretor-executivo do IPAM, André Guimarães, o Código Florestal é uma vantagem competitiva e não uma desvantagem. “O Código Florestal equilibra conservação com desenvolvimento agropecuário e é, sim, uma conquista. A lei tem exigência mas também incentivo.”

É preciso fazer um balanço frio desses cinco anos de código, reconhecer as suas conquistas e enxergá-lo como instrumento que organiza o jogo do desmatamento e da produção agropecuária brasileira em um país com abundância de ativos ambientais. Regulamentar o artigo 41 e ter em mente que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) desenha o tabuleiro – mas não resolve o problema sozinho – é fundamental, disse Guimarães.

Evitar retrocessos, como novos adiamentos de prazos para o CAR, é outro ponto central no momento, afirmou o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Alessando Molon. “Sobretudo porque a maioria dos produtores rurais já se regularizou e temos muitas experiências exitosas pelo país.”

O Sistema Nacional do CAR conta atualmente com 410 milhões de hectares cadastrados, divididos em 4,1 milhões de imóveis. “Isso mostra que o produtor rural, que é o grande protagonista, veio para o jogo. Dizer que ele não veio é negar o fato. O CAR é a porta de entrada e o produtor está querendo se regularizar”, disse o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará Filho.

O prazo inicial previsto para a inscrição obrigatória no CAR já foi expandido pelo governo para 31 de dezembro de 2017, por meio da Medida Provisória 724/16. Propostas em tramitação no Congresso, como o PL 4550/16, na Câmara, e o PLS 287/15, no Senado, visam a prorrogar mais o prazo. Para Molon, adiar indefinidamente o prazo está fora de questão. “Não podemos premiar quem não cumpre o seu dever.”

O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, comentou um estudo publicado nesta semana por pesquisadores do IPAM, que mostra que o CAR inibiu o desmatamento até no Pará e Mato Grosso: o problema não seria o CAR, mas a anistia concedida pelo Código Florestal para o que foi derrubado até 2008, o que explicaria o repique observado nos últimos dois anos na Amazônia. “A anistia passou a impressão de que na área ambiental não é preciso cumprir lei nenhuma”, disse Sarney Filho.

Alta do desmatamento

O ministro afirmou ainda que o CAR não é em si um redutor de desmatamento, embora possa e deva ser usado como subsídio para fiscalização e restauração florestal, assim como para políticas públicas. “A validação dos dados pela análise dos estados é imprescindível para que sejam utilizados. Os estados têm de atuar.”

Sarney Filho foi rebatido pelo senador Jorge Viana. “Há um movimento novo de grilar terra e desmatar área porque tem um governo que convive bem com isso, tem respaldo na Câmara e no Senado, e isso é uma ameaça”, disse Viana. “Acho terrível que o MMA queira terceirizar essa responsabilidade.”

O evento “5 anos do Código Florestal: desafios e oportunidades” também contou com mesas que debateram a regularização fundiária, o CAR e programa de regularização ambiental (PRA) para comunidades tradicionais, o Programa de Incentivos à Conservação Ambiental e o mercado de pagamentos por serviços ambientais.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...