OCAA promove discussões sobre meio ambiente e comércio internacional

14 de dezembro de 2020 | Notícias

dez 14, 2020 | Notícias

A primeira plataforma brasileira que reúne informações qualificadas sobre comércio internacional e meio ambiente na Amazônia foi inaugurada na quinta-feira, 10. O Observatório de Comércio e Ambiente na Amazônia (OCAA) é fruto de discussões sobre a necessidade de um espaço que sirva de referência a diferentes setores da sociedade. O objetivo é que qualquer pessoa interessada na Amazônia e nos impactos que o comércio acelerado tem na região encontre no OCAA dados claros e confiáveis.

Quatro associações parceiras participaram da criação do observatório — o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), o iCS (Instituto Clima e Sociedade) e o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

A criação do OCAA

O diretor executivo do IPAM, André Guimarães, abriu o evento de lançamento da plataforma ressaltando que o Brasil tem negociado acordos comercias que apresentam múltiplas oportunidades de desenvolvimento. No entanto, segundo Guimarães, eles também oferecem risco de aumento no desmatamento e em problemas sociais, além de insegurança para os negócios. “Para mitigar esses riscos, temos de entender a Amazônia e trocar informações sobre a sua realidade”, defendeu, ao explicar a criação do OCAA.

Para a diretora do Cindes, Sandra Rios, a estratégia de inserção internacional não é incompatível com os objetivos de preservação ambiental, de desenvolvimento econômico sustentável e de proteção dos direitos dos povos indígenas. De acordo com ela, são necessários mecanismos de controle e politicas econômicas adequados para que aconteçam de forma simultânea.
“Não é nossa expectativa que a gente vá produzir consensos, mas de que, promovendo um debate qualificado, a gente facilite a convergência de visões sobre essas questões”, resumiu Rios.

O ex-embaixador e diretor presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa, reforçou que a politica ambiental é um tema global que passou a ter impacto direto sobre o comércio exterior. “O OCAA deve identificar qual é a sua estratégia e o que quer, com foco no comércio exterior e, sobretudo, na minha visão, com o prejuízo que isso irá acarretar para o bolso de exportadores, que forçarão o governo a mudar sua posição quanto à Amazônia”, sugeriu.

Pesquisador associado do Imazon, Paulo Barreto salientou a importância de se encontrar formas para fazer com que esse conhecimento disponibilizado pelo OCAA influencie na prática. “Por exemplo, como esse tipo de discussão pode fortalecer o setor privado a fazer demandas qualificadas e a promover mudanças benéficas? No final das contas, temos essa missão de causar modificações positivas e acho que o alerta do embaixador é muito bem-vindo nesse sentido”.

Pressão internacional

A professora titular do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), Claudia Azevedo-Ramos, ressaltou que, apesar de o país ter regras ambientais fortes, enfrenta problemas para implementá-las. Azevedo-Ramos defendeu a pressão internacional como forma de pautar o debate sobre meio ambiente e destacou a importância de dados científicos para envolver a sociedade nas discussões sobre a Amazônia. “Vamos precisar de informações rigorosas e debate qualificado. O OCAA vem para adicionar nesse importante objetivo que é termos um comércio livre de desmatamento e produtos ilegais.”

O diretor do Cindes, Pedro da Motta Veiga, reforçou que desenvolvimento econômico e preservação ambiental podem caminhar juntos e disse ter “certeza que o comércio pode, não só dificultar a ilegalidade, mas ser um instrumento para ajudar a promover o desenvolvimento sustentável”.

Em seguida, o presidente do conselho da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, questionou a diferença na cobrança nos critérios de rastreabilidade aplicadas a produtos brasileiros. “Por que há o desejo de se rastrear toda a carne, mas não vemos esse diálogo tão pesado em relação à madeira nos últimos 50 anos?”. Para Britto, a corresponsabilidade no momento da compra é fundamental. “É obrigação do Brasil que apresente os documentos legais, mas também deve responsabilizar o comprador que adquirir um produto ilegal”, afirmou.

Os beneficiários do comércio exterior atingem não apenas empresários, mas os trabalhadores, a população local e os povos indígenas da Amazônia, conforme ressaltou a moderadora Ana Toni. “Queremos considerar, além de o próprio meio ambiente, a floresta. A proposta é abraçar a Amazônia com toda a sua complexidade”, finalizou.

A plataforma OCAA

O OCAA já está no ar, com publicações, notícias, projetos e eventos. “Os materiais que estarão no site passarão por um processo de curadoria, por isso, sintam-se confortáveis em procurar informações dentro da plataforma, pois serão de qualidade”, disse André Guimarães.

A transmissão completa do debate está disponível aqui.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...