O olhar pioneiro de Patrícia Pinho para a ciência da conservação

1 de abril de 2025 | Mulheres IPAM, Notícias

abr 1, 2025 | Mulheres IPAM, Notícias

Patrícia Pinho, hoje diretora adjunta de Pesquisa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), é uma pesquisadora internacionalmente conhecida por introduzir a problemática humana na ciência da conservação e climática.

Tendo integrado o corpo docente de universidades nacionais e internacionais, a cientista já contribuiu duas vezes com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), além de cooperar na estruturação de conceitos relevantes para a ciência brasileira.

Pinho contribui para discussões em torno de como comunidades locais podem criar regras e instituições próprias para gerir recursos de uso comum — como florestas, lagos, sistemas de irrigação e áreas de pesca — de forma sustentável e eficaz, também com desenvolvimento de pesquisas nos temas de bioeconomia e do ponto de inflexão social.

Sua entrada no mundo das ciências ambientais se deu por meio da graduação de biologia, a qual ingressou já com um objetivo: abordar as questões ambientais pelo viés humano.

A primeira experiência que a colocou nesse caminho foi um curso de sistemas socioambientais na Amazônia, onde trabalhou como voluntária junto a comunidades tradicionais e povos indígenas. Foi aí que ela teve certeza que queria dedicar sua pesquisa ao bioma, aliando ecologia com a questão social.

Imagem mostra a pesquisadora sentada em uma mesa conversando com três homens. Foto presente no texto O olhar pioneiro de Patrícia Pinho para a ciência da conservação.

Patrícia Pinho em pesquisa na terra indígena A’ucre Kayapo (PA) (Foto: Acervo Pessoal)

Da graduação, Pinho foi direto para o doutorado em ecologia humana, na Universidade da Califórnia em Davis. Lá ela escreveu as bases do que guia sua pesquisa e atuação até hoje. No pós-doutorado, aprofundou as discussões trazidas anteriormente, tornando-se uma das primeiras cientistas a pesquisar as mudanças climáticas pela dimensão humana.

“Quando comecei a trabalhar com mudanças climáticas, a área ainda era dominada por modelagens climatológicas e ambientais, a perspectiva humana era pouco explorada e situar a Amazônia dentro desse contexto era um desafio, mas também uma oportunidade. A região é amplamente reconhecida por sua biodiversidade e serviços ecossistêmicos, mas pouco se discutia sobre os riscos socioeconômicos e políticos envolvidos”, detalha a pesquisadora.

Hoje, a cientista dá um passo a mais em seus estudos sobre a relação entre mudanças climáticas e as questões sociais, trabalhando junto a comunidades indígenas e tradicionais na construção do conceito de ponto de inflexão social. A proposta é revelar claramente quais são os limites dos impactos da emergência climática na sociedade, em especial na população amazônica.

Influenciando a ciência do clima no mundo

O olhar único para ecologia e Amazônia levou a diretora adjunta a ser uma das cientistas selecionadas a contribuir para o IPCC. Sua primeira colaboração ocorreu em 2018, quando integrou a produção do capítulo 5 do Relatório Especial sobre 1,5º (R6), revelando como o aumento de temperatura afeta questões de desigualdade, pobreza e desenvolvimento sustentável. A cientista lembra como foi a experiência:

“Foi um desafio muito grande, porque há nesses espaços uma preponderância de cientistas mais velhos, homens brancos, a maioria situada no hemisfério norte. Me senti muito desafiada, intimidada, mas, ao mesmo tempo, também muito empoderada de que a ciência que faço, o bioma e as pessoas que tento colocar dentro desse mapa das vulnerabilidades, dos impactos, dos riscos e das oportunidades também são de relevância”.

No ano passado, Pinho foi novamente selecionada para contribuir com o painel, sendo uma das seis cientistas brasileiras a participar da reunião de escopo do 7º Ciclo de Avaliação do IPCC, que definiu a estrutura, conteúdo e temas do sétimo relatório em desenvolvimento.

Ainda mais perto da Amazônia

A diretora adjunta aponta que seu trabalho no IPAM trouxe uma oportunidade nunca vivida antes: a de influenciar políticas públicas direcionadas à Amazônia. Além de dialogar com o Legislativo brasileiro, Pinho tem a oportunidade de apoiar tecnicamente ações governamentais que envolvem comunidades tradicionais e indígenas, levando a agenda de justiça climática para esses espaços.

Sua atuação também trouxe impacto no conceito sobre bioeconomia, muitos dos estudos em que contribuiu, relativos ao assunto, propõem práticas nacionais e internacionais para estruturação da bioeconomia como um meio de sustentabilidade da floresta.

Analista de comunicação do IPAM*



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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