Indígenas discutem novo protocolo para denúncia de crimes ambientais

25 de maio de 2023 | Notícias

maio 25, 2023 | Notícias

Por Lucas Guaraldo*

Lideranças indígenas e representantes do governo se reuniram para discutir novos protocolos e ferramentas de denúncias que sejam mais efetivos na condenação e redução de ilegalidades nos territórios dos povos tradicionais durante o seminário “Combatendo atividades ilegais em Terras Indígenas”, realizado entre os dias 16 e 18 de maio, em Manaus.

O evento teve como objetivo aumentar a atuação dos órgãos de controle e fiscalização do estado do Amazonas e conter o avanço dos crimes ambientais em territórios de povos originários. Participaram do encontro representantes das frentes de monitoramento territorial das terras indígenas Coatá-Laranjal, Setemã, Cunhã-Sapucaia, Tenharim Marmelos, Lago Jauari, Camaiuá e Pinatuba, além de indígenas de outras regiões do Brasil, assim como servidores de órgãos dos governos federal e estadual.

O seminário é fruto da cooperação entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), e o WCS (Wildlife Conservation Society), por meio da iniciativa Conservando Juntos, com apoio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).

Segundo organizadores do evento, a incidência de crimes como invasão de terras e pesca ilegal coloca em risco o bem-estar e a qualidade de vida das comunidades indígenas. Sem um programa de fiscalização adequado, a sobreposição de atividades ilícitas nesses territórios aumenta a pressão e ameaça a segurança desses territórios.

“Esse é um projeto que nasce com o intuito de propor ações que vão coibir, combater e reduzir os crimes ambientais nas áreas protegidas. Mas, para isso acontecer, temos que dialogar com os órgãos públicos, federais e estaduais, que têm como competência aplicar a lei, e uni-los com as organizações indígenas que estão empregando ações diretas de monitoramento em seus territórios”, afirma Martha Fellows, pesquisadora no núcleo indígena do IPAM.

Tecnologia e denúncia 

Durante os três dias de evento, foram realizadas palestras focadas no apoio jurídico e capacitação técnica dos representantes indígenas, a fim de apoiar ações de fiscalização e automapeamento dos territórios. Os participantes foram apresentados às instituições governamentais, seus funcionamentos e os mecanismos que podem ser empregados na proteção de seus territórios.

Vanessa Apurinã, gerente de monitoramento territorial da Coiab, aponta a importância de associar o monitoramento conduzido tradicionalmente às ferramentas tecnológicas. “Quando o parente vai caçar, pescar, vai para a sua roça, isso é monitoramento, porque pode relatar que viu roçado, que viu rastros diferentes. Estamos apenas adaptando esse processo à tecnologia”, completa. A organização planeja realizar mapeamento de ameaças, pressões, além de formar grupos para essas atividades nos territórios.

Pesquisadores do IPAM também apresentaram duas ferramentas que facilitam o monitoramento territorial: o aplicativo ACI (Alerta Clima Indígena) e a plataforma SOMAI (Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena). Através delas, é possível que os próprios povos indígenas criem alertas em seus territórios. A conexão das duas permite gerar relatórios para subsidiar as denúncias sobre a ocorrência de fogo, desmatamento e exploração ilegal de madeira, caça e pesca ilegal, garimpo e invasão de terras, registros climáticos e mapeamento do uso tradicional nas terras indígenas.

“Tecnologias como essas podem facilitar as ações de monitoramento, proteção e vigilância das terras indígenas. São ferramentas que as populações indígenas têm usado para registrar o que acontece nos seus territórios e também para receber informações dos satélites”, aponta Fellows.

Segundo a pesquisadora, o uso das ferramentas possibilita um maior entendimento da situação e das pressões sofridas nos territórios indígenas, permitindo uma maior concretude para as denúncias de infração. Unindo alertas e as bases de dados de órgãos de fiscalização, o governo pode agir de maneira mais enfática no combate à ilegalidade.

“Eles têm acesso à informação e podem gerar as próprias informações, encaminhar denúncias, materialidade para aquilo que eles estão vendo nos seus territórios, para que esses órgãos cumpram o seu papel de proteção e garantia dos direitos dos povos indígenas.”

Esta atividade foi possível pelo apoio generoso do povo americano através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O conteúdo é de responsabilidade do IPAM, da COIAB e do WCS e não reflete necessariamente as opiniões da USAID ou do governo dos Estados Unidos.

Jornalista no IPAM, lucas.itaborahy@ipam-staging.chama7.com*



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...