POR LUIZA MELO*
Com o intuito de fortalecer a cadeia do açaí na região do Pará e a economia inclusiva nas comunidades produtoras, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) foi até os municípios que respondem por um terço de toda a produção no estado: Cametá e Igarapé Miri. Nos dias 3 e 4 de abril, a equipe discutiu com produtores de açaí, gestores públicos, representantes de associações e cooperativas o diagnóstico feito nas regiões com dados levantados pelo projeto “Cadeias produtivas sustentáveis no Estado do Pará”.
Foto: Erika de Paula/IPAM.
Em Cametá, segundo maior produtor de açaí do Pará, o debate ocorreu na comunidade de Jacaré Xingu e contou com a presença do secretário municipal de desenvolvimento econômico do município, José Raimundo Pompeu, e lideranças locais. A região, banhada pelo Rio Tocantins, é formada por dezenas de ilhas, onde os açaízais se destacam na paisagem. A comunidade é contemplada pelo projeto de assentamento agroextrativista, categoria criada pelo INCRA, que tem como objetivo explorar os recursos naturais por meio de atividades econômicas e ecologicamente sustentáveis dentro das comunidades extrativistas.
Foto: Erika de Paula/IPAM.
Em Igarapé Miri, considerada a capital mundial do açaí, a reunião teve a presença do secretário municipal de desenvolvimento econômico e trabalho, Ismael Araújo Fonseca, além de representantes dos sindicatos, produtores, associações e cooperativas.
Algumas ações prioritárias foram destacadas pelos atores-locais: estimular a manutenção da biodiversidade nas áreas produtivas; promover o processo de formação adequado para os técnicos e extensionistas em relação às práticas de manejo adequadas; diversificar as fontes de renda das famílias produtoras de açaí; fortalecer a união entre os produtores; estimular agroindústrias para agregação de valor nas cadeias produtivas.
“A participação dos atores locais na construção de estratégias para lidar com os principais desafios enfrentados na cadeia produtiva do açaí é fundamental se queremos conciliar desenvolvimento econômico, melhoria da qualidade ambiental e distribuição justa de renda a partir do manejo sustentável de produtos da floresta”, afirma a coordenadora do projeto pelo IPAM, Erika Pinto.
As visitas fazem parte do projeto “Cadeias produtivas sustentáveis no Estado do Pará”, liderado pelo IPAM em parceria com a Sedap-PA (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará), CELAPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) e apoio da AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento). A iniciativa visa discutir a construção de estratégias para o fortalecimento da cadeia econômica e sustentável do açaí a partir de uma distribuição de benefícios e renda mais justa com maior qualidade ambiental. O projeto será finalizado em agosto com um seminário regional para apresentação das recomendações às comunidades produtoras de açaí do estado.
Estagiária sob supervisão de Sara Raira Leal*
