Nova Frente em Defesa da Transição Climática Justa tem apoio do IPAM

17 de abril de 2023 | Notícias

abr 17, 2023 | Notícias

Por Bibiana Alcântara Garrido*


O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) apoiou a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Transição Climática Justa, com subsídios técnicos e visão estratégica para o enfrentamento ao contexto de emergência climática. De caráter participativo e suprapartidário, a Frente será lançada em evento presencial no Salão Nobre da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (18), às 16h30, hora de Brasília.

“A sociedade brasileira tomou a decisão e optou por um plano de governo que contempla de forma transversal a transição climática e a descarbonização da economia. Uma visão que se conecta com o que há de mais inovador em termos de desenvolvimento econômico no mundo e com os compromissos do Brasil no âmbito dos acordos globais de clima. Essa transição requererá uma atuação de Estado, assim, o executivo, o legislativo e o judiciário terão que integrar suas visões estratégicas para o bem comum da sociedade brasileira. Nesse sentido, essa frente parlamentar mista representa uma oportunidade de debate estruturado com os diferentes segmentos da sociedade, no âmbito do legislativo, para a construção de um processo justo de transição climática”, avalia Eugênio Pantoja, diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial no IPAM.

A proposta de criação da FPM é da deputada Socorro Neri (PP/AC) e angariou assinaturas da Câmara dos Deputados e Senado Federal. O principal objetivo da Frente é assegurar as respostas do país à Mitigação e Adaptação à mudança climática global durante o processo de transição para uma economia de baixo carbono. As ações devem ser direcionadas à conservação ambiental e à proteção das populações mais vulneráveis aos impactos das alterações provocadas pela mudança do clima, como pessoas pobres, negras, moradoras de áreas de risco, além de povos e comunidades tradicionais. A Frente tem duração indeterminada.

“Justiça climática é um tema muito relevante, pois reconhece as comunidades mais vulneráveis e impactadas pelas mudanças do clima, e as desigualdades intrínsecas dessa condição. Nesse contexto, a Ciência é fundamental para medir impactos e sugerir soluções para reduzi-los”, acrescenta Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

Entre as ações que a iniciativa pretende entregar à sociedade estão debates e contribuições relevantes ao Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, da Estratégia Nacional para REDD+, e do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões; bem como a proposição de instrumentos econômicos e financeiros para apoiar a transição climática; além de considerações sobre planos setoriais. A criação de observatórios e espaços de interlocução com a sociedade será uma estratégia na defesa dos direitos e proteção de todas as comunidades afetadas pelas mudanças climáticas.

Desmatamento, grilagem e emissões

O Brasil já foi reconhecido como liderança internacional por ter alcançado uma queda histórica de 83% no desmatamento da Amazônia, a partir da implementação do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) entre 2004 e 2012, programa retomado este ano pelo governo federal. O cancelamento de registros irregulares de CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a designação de uso para terras públicas ainda não destinadas estão entre as medidas imediatas mais efetivas para o controle e a redução do desmatamento, motor das emissões brasileiras.

Entre 2018 e 2021, 51% das áreas desmatadas na Amazônia eram terras públicas. Registros ilegais de CAR, que se sobrepõem a áreas de unidades de conservação ou a terras indígenas, têm sido usados como mecanismo para o desmate em locais que deveriam ser protegidos. A terra indígena Ituna/Itatá, no Pará, por exemplo, está 94% sobreposta com CAR, o que indica invasão e grilagem. Somente nos três primeiros anos de governo Bolsonaro, foram 57 milhões de toneladas de gás carbônico emitidas por desmatamento dentro de terras indígenas, quase 60% das emissões do tipo desde 2013.

Agropecuária, desmatamento e fogo associado a essa atividade respondem por 73,8% das emissões anuais do Brasil, conforme dados do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa). O país está entre os maiores emissores do mundo, na posição se consideradas as emissões acumuladas entre 1850 e 2021. Além do combate ao desmatamento, a adoção de boas práticas na agropecuária reduziria em ao menos 49% o desmate de vegetação nativa.

Compromisso global

O comprometimento e atuação em metas climáticas mais ambiciosas são vistos pela comunidade científica como fundamentais para cumprir o Acordo de Paris, firmado em 2015 por 196 países, e limitar o aumento da temperatura média do planeta em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Reduzir as emissões por ação humana, que agravam o superaquecimento da Terra, é o caminho para alcançar esse objetivo comum, por meio da conservação e proteção de territórios, do investimento em práticas agropecuárias de baixo carbono e da transição energética. 

Eventos climáticos extremos na história recente refletem o superaquecimento que está em 1,1°C. De acordo com relatório das Nações Unidas, com a falta de progresso e a implementação somente das metas atuais, o planeta está a caminho de uma elevação de até 2,8°C na temperatura média. Como cada décimo de acréscimo nessa temperatura conta mudanças intensas a nível local, um aumento de 2°C já teria como consequência global até 14 vezes mais ondas de calor e 70% mais secas, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). 

 

*Jornalista no IPAM, bibiana.garrido@ipam-staging.chama7.com



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...