Fafá de Belém celebra 50 anos de carreira dando voz à Amazônia

2 de maio de 2025 | Opinião

maio 2, 2025 | Opinião

Cantora e embaixadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Fafá de Belém completa 50 anos de carreira em 2025 com a mesma força que marcou sua trajetória: a defesa da cultura, dos povos da floresta e de uma Amazônia viva. Em entrevista ao IPAM, ela destaca a importância de escutar os povos amazônidas e valorizar seus saberes ancestrais como parte fundamental das soluções para a proteção da floresta.

“Eu nasci aqui [na Amazônia] há 68 anos, e, desde que eu saí para o mundo, que eu troquei o meu nome de família para Fafá de Belém, eu levo comigo toda a amazonidade, não importa se eu canto um autor amazônico ou se eu canto Chico Buarque ou Tom Jobim. A Amazônia está presente no olhar e no sentimento”, afirma a artista.

Nascida em Belém (PA), em 9 de agosto de 1956, Maria de Fátima Palha de Figueiredo é considerada uma das grandes vozes da MPB (Música Popular Brasileira) . Em 1975, estreou na música com a canção “Filho da Bahia”, composta por Walter Queiroz para a trilha sonora da novela “Gabriela”, inspirada em “Gabriela, Cravo e Canela”, clássico de Jorge Amado.

No ano seguinte, lançou seu primeiro álbum: Tamba-Tajá, com composições de Caetano Veloso e Luiz Gonzaga. O disco é inspirado nas tradições culturais e musicais da Amazônia e do Norte do Brasil.

A canção que dá título ao álbum, composta pelo maestro paraense Waldemar Henrique, remete a uma lenda amazônica sobre um casal indígena unido até a morte. Da história nasce uma planta que simboliza o amor e a fidelidade, associada a poderes místicos. Na voz de Fafá, a canção se transforma em uma prece por um amor exclusivo. O álbum também inclui músicas como “Esse Rio é Minha Rua”, que retrata a relação íntima com os rios da Amazônia, e “Indauê Tupã”, que incorpora elementos da mitologia indígena.

Cinco décadas depois de sua estreia, Fafá segue homenageando a Amazônia em suas obras. Além das referências culturais presentes em canções como “Vermelho”, sobre o Boi Garantido do Festival de Parintins, e “Uirapuru”, inspirada no folclore regional, a artista faz uma reverência direta à floresta em “Amazônia”, mencionando o açaí, o carimbó e a figura do Curupira.

Ativista da floresta e dos povos que nela vivem, Fafá diz carregar a Amazônia e seus símbolos na alma. Sua voz em defesa do bioma resultou, em 2022, no título de embaixadora do IPAM. Na ocasião, durante Encontro Anual do instituto, a artista recebeu uma placa que reconhece seu papel em levar a essência da Amazônia ao Brasil e ao mundo por meio da música.

Desde então, tem participado de eventos que destacam a importância de proteger a floresta. Ainda em 2022, já como embaixadora, Fafá integrou, como convidada do IPAM, o Brazil Climate Action Hub, na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito. Na ocasião, defendeu que os povos da floresta não sejam tratados apenas como beneficiários, mas como protagonistas da preservação da Amazônia.

Em falas anteriores, Fafá criticou a “caricatura exótica” que estereotipa a região. “Chega de sermos alegoria de festa de grã fino”, diz a cantora ao IPAM. “Três ou quatro pessoas com aparência indígena, fantasiados de indígenas, fazendo uma alegoria e a alegria de uma festa. Não é isso. Nós temos uma identidade e uma sabedoria ancestral”.

Em 2023, participou da COP 28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, ela reforçou a necessidade de incluir os povos amazônidas no planejamento e na tomada de decisões. Em seu discurso, destacou não só os povos indígenas, mas também ribeirinhos, caboclos, extrativistas, quilombolas e moradores das cidades.

Durante a conferência, com olhar já voltado para 2025, Fafá mencionou a realização da COP 30, marcada para novembro em Belém, e afirmou que será uma “COP histórica”. Segundo ela, o evento é uma oportunidade de engajar a população na agenda ambiental e romper com a ideia de que preservar a Amazônia é responsabilidade exclusiva dos governos.

Para Fafá, é essencial que as soluções sejam construídas com base em dados científicos e no conhecimento ancestral dos povos da floresta. “Muitas soluções estão aqui, mas nós precisamos ser ouvidos também”, afirma. Ela destaca ainda a importância de “informações não contaminadas” e o papel de professores e pesquisadores, tanto da Amazônia quanto de fora, que têm o desejo de buscar soluções para o planeta.

Ao completar 50 anos de carreira, Fafá de Belém reafirma seu engajamento com a preservação da Amazônia e a valorização dos povos da floresta. Em um momento de atenção internacional ao bioma, ela tem usado sua visibilidade para ampliar o debate sobre desenvolvimento sustentável e justiça socioambiental. Como mensagem final, deixa um recado direto: “Nos olhem, nos vejam, nos escutem.”

*Foto de capa: Rádio EBC



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...