Estudo feito pela COIAB e IPAM é citado em relatório do governo norte-americano

9 de abril de 2021 | Notícias

abr 9, 2021 | Notícias

* da COIAB

O estudo “Não são números, são vidas”, lançado em julho de 2020 pela COIAB em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), foi citado recentemente num relatório sobre Direitos Humanos do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos – mostrando a importância do controle social das políticas públicas pela sociedade civil e da autonomia e independência dos povos indígenas brasileiros.

“Não são números, são vidas” teve como objetivo registrar a ocorrência da covid-19 entre os povos indígenas da Amazônia e se baseou no monitoramento comunitário feito pela COIAB desde março de 2020. Este monitoramento aciona lideranças, profissionais de saúde indígena, organizações da Rede COIAB e dados da União para saber a quantidade de casos confirmados, casos suspeitos, óbitos, povos e comunidades atingidas pela doença causada pelo coronavírus.

Os detalhes deste monitoramento estão disponíveis de maneira pública e gratuita nas redes sociais e no site da COIAB e são atualizados semanalmente.

Relatório

Comparando dados do Ministério da Saúde com o monitoramento comunitário feito pela COIAB, os autores do “Não são números, são vidas” identificaram que a taxa de mortalidade pelo coronavírus entre indígenas é 150% mais alta do que a média brasileira. Além disso, a taxa de letalidade (quantas pessoas infectadas vieram a falecer) entre os indígenas é de 6,8%, enquanto a média do Brasil é de 5% e, da região Norte, de 4,5%.

No final de março, dados deste estudo foram citados no Brazil 2020 Humans Rights Report (ou “Relatório de Direitos Humanos Brasil 2020”, em tradução livre) – documento preparado anualmente pelo governo norte-americano que mapeia a situação dos Direitos Humanos em vários países ao redor do globo.

Temas

Dividido em 40 páginas e cinco seções, o relatório cobre uma ampla variedade de temas, como assassinatos políticos, torturas, liberdade de expressão, falta de transparência governamental, violência de gênero e contra a criança, apoio a refugiados, trabalho escravo e violência contra a população LGBTQIA+.

A citação ao estudo feito pela COIAB e IPAM aparece na seção dedicada aos povos indígenas e trata justamente dos índices de ocorrência e letalidade da covid-19. O relatório cita ainda a morte de 113 indígenas ocorridas em 2019 – número maior que o registrado em 2018 e que tem relação direta com as violências sofridas pelos povos indígenas no Brasil, como invasão de terras, roubo de madeira e contaminação de rios.

Sabedoria e estratégia

Uma das autoras do estudo, a liderança Kaxuyana Valéria Paye, contou que tudo começou com a “decisão acertada” da COIAB de monitorar, por conta própria, a ocorrência da COVID-19 entre os parentes: “Os primeiros dados divulgados pelo governo eram muito equivocados, isso era claro. Então quando decidimos fazer o nosso monitoramento foi um ato de enorme sabedoria, mas já com uma perspectiva de ação estratégica”.

Valéria é hoje Coordenadora-Executiva do Fundo Podáali – Fundo Indígena da Amazônia e diz que a repercussão do “Não são números, são vidas” só engrandece o trabalho. “Esse estudo tem um embasamento, um ‘assumir fazer’ coletivo realmente importante. Não só de gerar dados, mas refletir sobre eles junto com nossos parceiros. Ele mostra que o Movimento Indígena tem capacidade de fato de fazer a diferença, como mostram esses frutos que temos colhido até hoje”, disse a coordenadora.

Multiculturalidade

Outra autora do estudo, a pesquisadora do IPAM Martha Fellows,  contou que a citação de “Não são números, são vidas” pode ajudar a comunidade internacional a entender melhor a realidade dos indígenas brasileiros.

“As pessoas que vivem em outros países não entendem a multiculturalidade dos nossos indígenas. Eles não entendem que existem pessoas que vivem de maneira especial e única, diferente da maneira ocidental, de usar calça jeans e comer hambúrguer. Tomara que este estudo, chegando em outros territórios, ajude mais gente a entender as questões dos povos originários do Brasil e os desafios que eles enfrentam, como receber as vacinas contra a covid-19”, disse Martha.

* Confira o artigo original no site da COIAB.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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