Especialistas fazem recomendações para evitar greenwashing

8 de novembro de 2022 | Notícias

nov 8, 2022 | Notícias

O grupo sugere desmatamento zero até 2025; no espaço Brazil Hub, Justiça Climática dominou as rodas de conversa com presença de mulheres, indígenas e quilombolas.


(Sharm El-Sheikh, Egito) As melhores práticas para evitar o greenwashing (termo em inglês que se aplica a informações que mascaram, por exemplo, os impactos ambientais de alguma atividade) embutido em promessas “Net Zero” tanto de governos como de empresas foram um dos destaques desta terça-feira (08/11) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27).

O relatório produzido pelo Grupo de Especialistas de Alto Nível (HLEG), nomeado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para dar mais transparência ao tema, apontou várias recomendações, como “empresas e regiões que utilizam muita terra devem assegurar que, até 2025, qualquer desmatamento seja interrompido”.

O documento se refere a promessas que ameaçam minar os esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de acordo com a limitação do aquecimento a 1,5 grau. A presidente do grupo, ex-ministra do Ambiente e das Alterações Climáticas do Canadá Catherine McKenna, disse que o relatório fornece um roteiro crucial para trazer integridade aos compromissos líquidos zero por parte da indústria, instituições financeiras, cidades e regiões e para apoiar uma transição global e equitativa para um futuro sustentável.

“Planos de transição para net zero são uma peça-chave para viabilizar a implementação dos compromissos assumidos pelas empresas e pelos governos. Orientarão o redirecionamento de investimentos para a economia de baixo carbono e darão previsibilidade sobre as rotas de descarbonização da economia”, avaliou o coordenador do portfólio de Economia de Baixo Carbono do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Gustavo Pinheiro. “O Brasil é o país que tem o menor custo de transição entre as grandes nações, porém o investimento não tem fluído como poderia devido a falta de um plano de transição que oriente a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês)”, completou.

Para Pinheiro, elaborar o plano de transição da economia brasileira para net zero até 2050 permitirá destravar investimentos em diversos setores da economia. “Estes investimentos são indispensáveis para colocar o Brasil na rota da descarbonização, gerar empregos verdes e retomar o crescimento desacoplado de emissões de gases de efeito estufa”, completou.

No Brazil Climate Action Hub

Público acompanha primeiro dia de eventos, com o tema ‘Justiça Climática’

As diversas perspectivas que envolvem a questão da Justiça Climática foram o tema do primeiro dia de atividades do Brazil Climate Action Hub, nesta terça-feira (8), durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito.

Com arquibancadas lotadas, o espaço reuniu especialistas para discutir ações, soluções e desafios sobre o papel das mulheres, dos quilombolas e das comunidades tradicionais no enfrentamento das mudanças climáticas e na conservação ambiental. E apontou as oportunidades para levar desenvolvimento social, ambiental e econômico aos 28 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia.

Na abertura, a liderança indígena Shirley Krenak entou um canto na língua de seu povo, hoje concentrado no leste de Minas Gerais: “Eu sou água, eu sou terra, eu sou bioma”:

Os eventos

Mulheres na Ação Climática
O evento reuniu lideranças femininas que estão fazendo a diferença na ação climática por meio de experiências à frente de movimentos jovens, comunidades tradicionais, povos originários, empresas e sociedade civil. Mulheres que atuam na linha de frente do cuidado e da preservação dos recursos naturais compartilharam suas visões e vozes. A importância de as mulheres, seja nos territórios ou nos centros urbanos, firmarem alianças em torno dos biomas esteve presente nas conversas.

Amazônia 2030: Como os maiores problemas da região também são a chave para seu desenvolvimento
O território da Amazônia é grande, heterogêneo e demanda um amplo portfólio de iniciativas para endereçar seus contextos específicos. Pesquisadores e especialistas apresentaram diferentes oportunidades de avanço social, ambiental e econômico a partir de três grandes problemas: as áreas desmatadas, a crescente emissão de CO² e os desafios sociais para a população que vive na floresta.

Ação de transformação por justiça climática: a luta social quilombola
O painel trouxe à tona a discussão sobre violação de direitos e territórios das populações tradicionais quilombolas. Deixando evidente o papel dos quilombolas na conservação ambiental, e também na discussão de mecanismos de justiça social como passo fundamental para se falar em justiça climática.

O racismo ambiental e a emergência climática no Brasil
A população negra está na linha de frente na luta pelo combate ao racismo ambiental. O evento discutiu como os territórios são alvos da destruição ambiental no Brasil, seja no campo ou na cidade. A falta de políticas públicas de mitigação às mudanças climáticas por parte do Estado também fez parte da agenda, que lembrou que é uma realidade não apenas no Brasil, mas em todo o Sul Global.

Filme ‘Terras que libertam – histórias dos Cupertinos’
A exibição do filme “Terras que libertam – histórias dos Cupertinos” fez parte da programação da Mostra Cine Brazil Climate Action Hub e encerrou as atividades do dia. A obra relata a trajetória de resistência da comunidade quilombola de Chapada Diamantina, na Bahia. A exibição do premiado documentário dirigido por Diosmar Filho contou com a participação online da família dos Cupertinos, entre eles o líder quilombola Jaime Cupertino.

Sobre o Brazil Climate Action Hub

Espaço coordenado pelo iCS (Instituto Clima e Sociedade), pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e pelo Instituto ClimaInfo com apoio de diversas organizações, o Brazil Climate Action Hub tem como objetivo desenvolver e dar escala a soluções para a crise climática a partir dos países do Sul Global. Foi criado para a COP25 de Madri, em 2019, quando, por decisão do governo Bolsonaro, o Brasil ficou sem estande oficial. O Brazil Hub se tornou uma referência nacional ao apresentar estudos, iniciativas, soluções e experiências de políticas públicas desenvolvidas pela sociedade civil brasileira para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.

Em 2021, em Glasgow, pluralidade e diversidade foram as marcas do Brazil Hub, com a realização de mais de 50 eventos, reuniões bilaterais e encontros entre organizações ambientalistas, participantes dos movimentos negros, quilombolas, indígenas, das juventudes e de famílias, além de políticos, empresários, cientistas, artistas e jornalistas.

?️De olho na programação do HUB (09/11/2022)

Tema: Financiamento e Implementação

A década perdida das emissões brasileiras: o que revelam 10 anos de estimativas anuais feitas pela sociedade civil | 10h às 11h (Egito) / 5h às 6h (horário de Brasília)

Taxonomias em Finanças ASG: lições internacionais e caminhos para o Brasil | 11h30 às 12h30 (Egito) / 6h30 às 7h30 (horário de Brasília)

#PhilanthropyForClimate: Um movimento global da filantropia para enfrentar a crise climática | 13h às 14h30 (Egito) / 8h às 9h30 (horário de Brasília)

Estratégias dos Estados Latino Americanos para alcançar os compromissos de Paris pela perspectiva das alianças climáticas | 14h45 às 15h45 (Egito) / 9h45 às 10h45 (horário de Brasília)

Transição (realmente) justa: a transformação energética acontece nas cidades | 16h às 17h30 (Egito) / 11h às 12h30 (horário de Brasília)

Racismo Energético e Ambiental – Soluções a partir da Transição Energética Justa, Popular e Inclusiva | 17h45 às 18h45 (Egito) / 12h45 às 13h45 (horário de Brasília)

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...