Por Karina Custódio*
Entre as atividades do X Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, realizado com o apoio do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental) de 13 a 16 de setembro em Brasília, esteve a oficina de ferramentas de combate à vulnerabilidade e invisibilidade de PCTAFS (Povos,Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares), no segundo dia de evento.
A oficina apresentou a história e as funcionalidades do aplicativo Tô No Mapa, que funciona em parceria com a Plataforma de Territórios Tradicionais do Ministério Público Federal. O trabalho do IPAM na rede MapBiomas também foi tema da atividade.
Isabel de Castro, coordenadora do Tô no Mapa, apresentou a iniciativa.
“O Tô no Mapa é um aplicativo de celular para mapeamento de povos e comunidades tradicionais. Ele é gratuito, funciona offline e, nele, você pode desenhar a sua comunidade, inserir a sua área e colocar informações sobre situações de conflito que estão acontecendo”, diz Isabel Castro, pesquisadora no IPAM e coordenadora da iniciativa. Ela acrescentou que o Tô no Mapa possibilita identificar o uso da terra e gerar um relatório sobre cada informação inserida.
Durante a formação, a quilombola e agente de saúde Enilda Alves expressou que o maior empecilho na titulação do quilombo Bom Sucesso, localizado no Maranhão, é que a definição de seu perímetro não foi feita pela comunidade, assim, sua área foi reduzida no processo de reconhecimento, que continua incompleto.
“Nunca tivemos a chance de delimitar nosso território, por isso este momento está sendo mais que importante”, declara ela.
Representantes do Quilombo Bom Sucesso (MA), participaram da oficina.
Até o momento, o Tô no Mapa tem 241 territórios cadastrados pelas comunidades, que abrigam, em conjunto, 24.706 famílias. As comunidades têm a opção de enviar as informações para se registrar também na Plataforma de Territórios Tradicionais.
A integração entre Tô no Mapa e Plataforma é possível graças à parceria com o CNPCT (Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais), que reúne lideranças de comunidades tradicionais e representantes do Governo Federal. O Conselho e a Plataforma foram apresentados na oficina pelo geraizeiro Samuel Leite, que integra o CNPCT.
MapBiomas como ferramenta de monitoramento
Pesquisadores do IPAM orientaram a como usar o MapBiomas.
Os pesquisadores do IPAM e integrantes da equipe Cerrado, da rede MapBiomas, Wallace Vieira e Roberta Capim mostraram como observar a evolução da vegetação e das áreas queimadas por meio da plataforma. Também foram fornecidos dados sobre a cobertura vegetal dos estados e municípios ligados às comunidades tradicionais presentes no evento.
A quilombola Enilda Alves comentou sobre os dados de seu município, Mata Roma (MA). “Fico admirada porque, quando olhamos o plantio de soja tão grande, pensamos que ele tomou tudo, que não tem mais floresta, mas pelo mapa dá para ver que ainda temos muita floresta”, expôs a agente de saúde.
Após a apresentação das ferramentas, os participantes foram orientados individualmente. Mais de 15 organizações e comunidades tradicionais participaram da formação.
X Encontro e Feira dos Povos do Cerrado
Realizado desde 2001, o Encontro dos Povos do Cerrado reúne comunidades e organizações de todo o bioma para organizar demandas e trocar experiências sobre a preservação. O evento é uma realização da Rede Cerrado, composta por 60 organizações – entre elas o IPAM – em conjunto com mais de 300 parcerias.
Tô no Mapa
Idealizado em 2018, o Tô no Mapa é uma iniciativa conjunta de IPAM, ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza), Rede Cerrado e Instituto Cerrados.
*Jornalista no IPAM
