Desmatamento responde por 81% do metano emitido por queimadas

17 de outubro de 2022 | Notícias

out 17, 2022 | Notícias

Por Lucas Guaraldo*

De olho nas demandas do Compromisso Global do Metano, pesquisadores mapearam as principais atividades e processos responsáveis pela emissão de metano no Brasil e apontaram caminhos para a redução em longo prazo das emissões. Segundo o relatório, 81% das emissões de metano causadas por incêndios florestais estão associadas ao desmatamento. Por concentrar grande parte dos estoques de carbono e do desmatamento, a Amazônia lidera as emissões causadas por queimadas.

Chamado de “Desafios e oportunidades para a redução das emissões de metano no Brasil”, o relatório sobre emissões de metano é uma parceria entre cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Governos Locais para Sustentabilidade  (ICLEI), Instituto de manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e o Observatório do Clima.

O metano é um poluente climático de vida curta com um tempo de vida atmosférico de aproximadamente 12 anos. Apesar da curta duração, seus efeitos são poderosos e seu potencial efeito de aquecimento global é equivalente a 28 vezes o do dióxido de carbono (CO2). Além disso, o metano também contribui para a formação de ozônio troposférico (O3), que, assim como ele, tem efeitos poderosos no aquecimento do planeta.

Portanto, o alto potencial de aquecimento e a duração relativamente curta faz do metano um bom alvo para políticas de redução imediata de emissões de gases de efeito estufa que ajudem a humanidade a ganhar tempo para fazer a transição energética.

Segundo a pesquisadora do IPAM e uma das autoras do estudo, Bárbara Zimbres, a comunidade internacional percebeu a importância de reduzir as emissões de metano e tem firmado compromissos na área, o que aumenta a demanda por um caminho claro para a redução e um mapeamento dos principais emissores.

“Na COP26, em Glasgow, mais de cem países, incluindo o Brasil, assinaram o Compromisso Global do Metano, se comprometendo a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020. Portanto, as fontes de emissão de metano nos diversos setores e as oportunidades existentes para redução das emissões devem ser identificadas, para subsidiar a criação de políticas nacionais de mitigação.”, ressalta Zimbres.

De onde vem o metano?

Em 2020, as emissões globais de metano chegaram a 364 milhões de toneladas, o que pode provocar o mesmo aquecimento que cerca de 10 bilhões de toneladas de CO2. Segundo o IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU, um terço do aumento de temperatura verificado hoje no planeta se deve ao gás metano.

O Brasil é o quinto maior emissor de metano do mundo. Sozinhos, o país emite o equivalente a 5,5% do metano do planeta. Em 2020, as emissões brasileiras foram estimadas em 21,7 milhões de toneladas, o equivalente a 26% de todas as emissões de gases de efeito estufa do país. A agropecuária brasileira é a maior emissora do país, respondendo por 71%, cerca de 14,54 milhões de toneladas, de todo o metano brasileiro lançado na atmosfera.

Além disso, apesar do avanço das queimadas e da degradação florestal, o setor que mais emitiu metano no Brasil foi a pecuária, responsável por 64% de todas as emissões brasileiras em 2020, o que corresponde a cerca de 13,8 milhões de toneladas de gás.

Caminhos para a redução

De acordo com dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), caso nenhuma política de redução das emissões de metano for adotada, descumprindo os acordos internacionais firmados pelo governo brasileiro, o Brasil aumentará suas emissões em 7% até 2030, passando a emitir até 23,3 milhões de toneladas de metano.

Contudo, caso sejam aplicadas alternativas viáveis, fazendo uso das melhores práticas e tecnologias disponíveis, o Brasil poderia reduzir suas emissões em até 36,4% até 2030. Isso acarretaria em uma redução acumulada de até 180 milhões de toneladas no período entre 2020 e 2030. A redução representaria uma grande contribuição para o Compromisso Global de Metano, ultrapassando em 6% as metas estipuladas pelo acordo.

Para que essas novas metas sejam atingidas, os autores do estudo defendem que, entre outras metas, é necessário zerar o desmatamento ilegal e as queimadas para abertura de novas áreas, ampliar a recuperação do metano do tratamento de resíduos animais e investir na produtividade dos rebanhos brasileiros, assim como na aplicação de técnicas de aprimoramento genético e de terminação intensiva do rebanho, que reduz a área e o tempo necessário para a criação do gado de corte.

Estagiário sob supervisão de Natália Moura*



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...