Cerrado perdeu vegetação nativa em 11 de 13 estados na última década

10 de setembro de 2021 | Notícias

set 10, 2021 | Notícias

O Cerrado perdeu quase 6 milhões de hectares de vegetação nativa entre 2010 e 2020: dos 13 estados ocupados pelo Cerrado, 11 tiveram perda de vegetação nativa no período, e quase toda essa área (98,8%) foi destinada à atividade agropecuária. Os dados são da nova coleção da iniciativa MapBiomas, que cobre o período de 1985 a 2020, e serão apresentados em evento específico para o bioma nesta sexta-feira (10), a partir das 10h30, no canal do MapBiomas Brasil no YouTube.

Tocantins sofreu a maior perda de vegetação nativa na década (1,11 milhão de hectares), seguido de Maranhão (890 mil ha) e Goiás (810 mil ha). Dois estados, Paraná e Rondônia, permaneceram com área de vegetação nativa estável. Além dos números, as imagens de satélite mostram a intensificação do desmatamento e da atividade agropecuária na região conhecida como Matopiba, que cobre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

“Os dados mostram claramente que há um processo acelerado de conversão de áreas naturais no Matopiba, tal como foi observado anteriormente em outros estados do Cerrado”, explica a coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Se considerada a perda total de vegetação nativa desde 1985, Mato Grosso é o campeão, com 6,8 milhões de ha, seguido por Goiás, com 4 milhões ha, e Mato Grosso do Sul, com 3,4 milhões de ha.

No Matopiba, a área de agropecuária mais que dobrou entre 1985 e 2020. No mesmo período, a Bahia quintuplicou a área de agricultura.

De 1985 a 2020 o Cerrado perdeu 19,8% de sua vegetação nativa, ou 26,5 milhões de ha, que equivalem a uma área maior que a do Piauí. A expansão da agropecuária no bioma no mesmo período é quase complementar: foram 26,2 milhões de hectares destinados à atividade. Atualmente, a agropecuária ocupa 44,2% do Cerrado.

Bioma em crise

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, com 198 milhões de hectares, e apresenta diferentes tipos de vegetação nativa. Como hotspot de biodiversidade, é a savana mais biodiversa do mundo e está sob elevado grau de ameaça. Quase metade já foi desmatada: 54,5% de seu território ainda é coberto por vegetação nativa, sendo que formações dos tipos savana (30,3%) e floresta (14,3%) são predominantes. A formação campestre representa 7,3% do bioma em 2020.

Uma das novidades da Coleção 6 do MapBiomas é a inclusão da nova classe de áreas úmidas do Cerrado, como campos úmidos, veredas, savanas parques e brejos. Também esses ambientes têm sofrido transformações: foram 582 mil hectares suprimidos desde 1985, ou 10,3% de perda das áreas alagadas. Dessa área convertida, 61% foram destinados à agropecuária, especialmente pastagem, e 32% viraram outro tipo de vegetação, como campo, savana e até floresta.

“Essas mudanças são importantes indicadores de alterações do ponto de vista ecológico, além da questão do impacto na biodiversidade, apontam que está havendo perda de água com a redução das áreas úmidas no bioma, hoje tão importantes no contexto da crise hídrica que estamos passando”, explica Shimbo.

Sobre o MapBiomas

Iniciativa multi-institucional que processa imagens de satélites com inteligência artificial e tecnologia de alta resolução em uma rede colaborativa de especialistas, universidades, ONGs, instituições e empresas de tecnologia para a criação de séries históricas e mapeamentos de uso e cobertura da terra no Brasil. O IPAM é a instituição responsável pelo mapeamento da vegetação nativa no bioma Cerrado dentro da rede MapBiomas.

Assista ao webinar:



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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