Seminário debate documento sobre Cerrado para os presidenciáveis

6 de junho de 2018 | Notícias

jun 6, 2018 | Notícias

Ordenar a ocupação do Cerrado, de forma a unir produção de alimentos, preservação ambiental e direito das populações tradicionais, deve ser prioridade para o Brasil. Isso porque os recursos hídricos que alimentam a maioria da população brasileira e fornecem matéria-prima para geração de energia e para a agropecuária, além da biodiversidade – inclusive com potencial econômico –, estão sob ameaça.

O alerta foi dado na manhã deste Dia Mundial do Meio Ambiente, num seminário na Câmara dos Deputados sobre uma estratégia nacional para o Cerrado, proposta a ser construída por organizações socioambientalistas e a sociedade para os presidenciáveis.

“A gente sabe que o Cerrado não vai decidir o destino da eleição, mas precisamos garantir que o tema entre expressamente nas plataformas de governo”, disse o coordenador do trabalho, André Lima. “Com essa proposta, não se quer uma fotografia bonita do bioma para ser usada eleitoralmente, mas uma construção programática, com proposta para a ocupação ordenada do Cerrado, com normas e políticas para uso e conservação da biodiversidade, do território e da água.”

Água é um dos temas basais sobre qualquer conversa a respeito da savana brasileira, uma vez que ali estão nascentes que alimentam oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras, e não foi diferente no evento. O professor Bráulio Dias, da Universidade de Brasília, que abriu o seminário, alertou que a taxa de desmatamento no Cerrado – hoje, mais rápida do que a da Amazônia – traz urgência para a proposta do grupo por ameaçar esse recurso, além da biodiversidade. “O Cerrado tem de ser tratado como questão de segurança nacional. A destruição do meio ambiente nos coloca em uma situação de vulnerabilidade extrema – menos visível que desabastecimento pela greve dos caminhoneiros, mas igualmente importante.”

O diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o agrônomo André Guimarães, contou que a história da ocupação do Cerrado sempre foi dicotômica, assim como na Amazônia: ou se preservava, ou se produzia. “Essa dicotomia é passado. A pergunta de hoje é como a gente produz mais preservando”, afirmou. “O Brasil tem duas responsabilidades com o planeta: segurança alimentar e ajudar o mundo a mitigar as mudanças climáticas. Temos de achar um jeito de fazer os dois, e de forma eficiente.”

A importância da preservação do Cerrado para a estabilidade do clima foi outra questão recorrente no debate. Em 2016, a derrubada da vegetação nativa neste bioma emitiu mais carbono na atmosfera do que todos os processos industriais no Brasil, de acordo com o SEEG, sistema do Observatório do Clima.

“As comunidades locais do Cerrado estão ameaças pela violência, pobreza, desmatamento, além da mudanças climáticas. Mas dá para reverter a situação, produzindo mais em áreas desmatadas”, disse Donald Sawyer, do Instituto Sociedade, População e Natureza. Segundo ele, é possível construir paisagens produtivas sustentáveis, com populações tradicionais e pequenos produtores mantendo a função ecológica da terra, como a conectividade entre os fragmentos de vegetação.

“Precisamos refletir o futuro que desejamos, e a pauta ambiental reflete nossa vida cotidiana”, disse o diretor de Florestas e Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schmitt.

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