“Para criar reservas particulares, é preciso aplicar as políticas”

8 de julho de 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

jul 8, 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

Por Elias Serejo* 

Luciano Souza, especialista em RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), tem mais de 22 anos de experiência na conservação ambiental do Brasil. Com formação em Pedagogia e pós-graduação em Educação Ambiental, ele contribuiu para a criação de cerca de 600 RPPNs, protegendo a biodiversidade em várias regiões do país. 

Co-fundador de grupos de especialistas em RPPNs nos fóruns dos OEMAs (Órgãos Estaduais de Meio Ambiente) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Souza idealizou o SIMRPPN (Sistema Informatizado de Monitoramento de RPPN). A ferramenta é essencial para a gestão eficiente das áreas protegidas. 

O especialista destacou os benefícios legais para as RPPNs, como a isenção do ITR (Imposto Territorial Rural) e, em alguns municípios, do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Na entrevista, enfatiza a necessidade de cooperação com entidades privadas e públicas na gestão e conservação dessas reservas, promovendo a sustentabilidade e ampliando o suporte técnico e financeiro para os proprietários.  

O que são RPPNs? 

As RPPNs são áreas de conservação privadas criadas para preservar a diversidade biológica, estabelecidas em caráter perpétuo. A criação é formalizada através de um Termo de Compromisso averbado na matrícula do imóvel no Registro de Imóveis, emitido pelo órgão ambiental competente. Mesmo reconhecida como unidade de conservação, a titularidade da propriedade permanece com o proprietário, que pode utilizá-la para pesquisas científicas e atividades educativas, turísticas e recreativas, conforme o plano de manejo. 

Quais são os principais benefícios da criação de RPPNs para a conservação? 

As RPPNs ampliam as áreas protegidas no país, ajudando a preservar ecossistemas naturais e garantindo a integridade dos habitats. A criação e manutenção dessas reservas têm uma relação custo-benefício positiva, sendo menos onerosas que outras unidades de conservação. As RPPNs facilitam a participação da iniciativa privada na conservação, engajando proprietários e empresas, ampliando os recursos e ações para a proteção ambiental. 

Como as RPPNs podem contribuir para a proteção da biodiversidade? 

As RPPNs preservam ecossistemas essenciais, mantendo intactos os habitats de diversas espécies e impedindo a expansão urbana sobre áreas naturais. Elas permitem o desenvolvimento de atividades de ecoturismo e educação ambiental, aumentando a conscientização pública sobre a conservação. Parcerias com instituições públicas e privadas também são vitais, permitindo a implementação de projetos de pesquisa, manejo e recuperação ambiental nas áreas protegidas. 

Quais são os principais incentivos governamentais disponíveis para a criação de RPPNs atualmente? 

A legislação federal, conforme o Decreto 5.746 de 2006, oferece isenção do ITR e, em alguns municípios, do IPTU para áreas designadas como RPPNs. Cidades como Curitiba (PR), Manaus (AM) e Rio Claro (RJ) já implementaram legislações que reconhecem e incentivam essas isenções fiscais. A legislação também prioriza a análise de projetos de conservação pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, facilitando a obtenção de financiamentos para a sustentabilidade das reservas. 

Além disso, propriedades com RPPNs têm preferência na análise de pedidos de crédito agrícola, facilitando o acesso a recursos financeiros para projetos sustentáveis. A cooperação com entidades privadas e públicas é incentivada, oferecendo suporte técnico, financeiro e operacional, potencializando ações de conservação e assegurando a sustentabilidade a longo prazo das áreas protegidas. 

Existe algum plano ou política pública específica para aumentar a criação de RPPNs no Brasil? 

Tramita na Câmara dos Deputados o PL 784 de 2019 que visa incentivar a criação de mais RPPNs, alocando recursos da compensação ambiental e permitindo a conversão de multas em benfeitorias nas RPPNs. O projeto propõe ainda a criação do Fundo Nacional das RPPNs, destinado a promover e estimular a criação, gestão e manutenção dessas áreas. Se aprovado, poderá proporcionar apoio financeiro significativo aos proprietários para a gestão de suas áreas. 

Diversas ONGs também apoiam a criação de RPPNs, oferecendo consultoria técnica e financiamento a fundo perdido, contribuindo significativamente para a viabilização e sustentabilidade dessas áreas de conservação. 

*Jornalista do IPAM 



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...