Monitor do Fogo: Brasil teve 80% mais incêndios florestais em 2022

11 de novembro de 2022 | Notícias

nov 11, 2022 | Notícias

Cerca de 2,4 milhões de hectares de florestas foram queimados entre janeiro e outubro de 2022, área 80% maior que a queimada em 2021; maioria do fogo foi na Amazônia

Por Bibiana Alcântara Garrido*

O Brasil teve 80% mais incêndios florestais entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. Foram 2.426.597 milhões de hectares de floresta queimados neste ano, sendo 85% na Amazônia. Os dados são do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas Fogo com parceria e coordenação do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), divulgados nesta sexta-feira (11) na COP27, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas que ocorre este ano em Sharm El-Sheikh, no Egito.

Acesse o boletim mensal do Monitor do Fogo com os destaques de outubro.

Nas florestas da Amazônia o aumento nos incêndios foi de 111%, com 2 milhões de hectares queimados – mais do que o dobro de 2021 (976 mil hectares).

“Durante o período das eleições, testemunhamos recordes de derrubadas na região, o que tem impacto direto nas florestas ao redor, que acabam ficando mais expostas, degradadas e suscetíveis ao escape do fogo. Mesmo um único evento de fogo tem impactos gigantescos na estrutura da vegetação, pois florestas degradadas armazenam 25% menos carbono por pelo menos 30 anos”, comenta Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

A área total queimada no país, de janeiro a outubro de 2022, é de 15,2 milhões de hectares, maior que o estado do Ceará, considerando todas as vegetações dos biomas brasileiros e todos os tipos de uso do solo, como pastagem, por exemplo. É um aumento de 11%, ou de 1,5 milhões de hectares queimados, comparado ao mesmo período em 2021.

Para Alencar, os dados são alarmantes e distanciam o Brasil de cumprir as metas para a redução das emissões de gases do efeito estufa, firmadas em 2015 no Acordo de Paris. Assinado por 196 países, o Acordo de Paris tem o objetivo em comum de limitar o aumento da temperatura média do planeta em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Quase metade das emissões brasileiras (49%) estão ligadas a desmatamento e fogo associado.

Cerrado é o bioma que mais queimou

O Cerrado concentra 48% de toda a área queimada no Brasil até outubro e é o bioma que mais queimou no período. A alta do fogo no Cerrado é de 17% em comparação com o ano anterior, totalizando 7,4 milhões de hectares queimados em 2022. O maior impacto está em vegetações do tipo savânica (representam 49% da área queimada, ou 3,5 milhões de hectares). Em outubro, o Cerrado também foi o bioma que mais pegou fogo, com 1,8 milhões de hectares, um aumento de 196% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Depois do Cerrado, o segundo bioma mais queimado é a Amazônia, com 7,1 milhões de hectares ou 47% da área total queimada no país. Em outubro, 1,3 milhões de hectares pegaram fogo na Amazônia, uma alta de 74% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

“Vale a pena destacar que o Cerrado é um bioma que tem metade do tamanho da Amazônia, ou seja, quando falamos que o Cerrado foi o que mais queimou no ano até agora, estamos falando de um impacto que tem dimensões para a sobrevivência desse ecossistema. Outro motivo de alerta é que parte desse fogo está acontecendo com frequência e intensidade diferente do regime natural esperado para o Cerrado”, explica Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM e responsável pelo Monitor do Fogo.

Fogo nos estados e municípios

Mato Grosso foi o estado que mais registrou ocorrências de incêndios até outubro, com 3,4 milhões de hectares queimados, quase ¼ da área total queimada no Brasil no período. Pará e Tocantins estão na sequência, com 2,5 e 2,2 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, os estados concentram 54% da área queimada no Brasil no período.

São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA) e Porto Velho (RO) são os três municípios que mais queimaram, somando 1,1 milhões de hectares que pegaram fogo, ou 8% do total queimado no país. No mesmo período de 2021, esses municípios queimaram juntos 495 mil hectares, o que significa um aumento de 131% para o ocorrido em 2021 – reflexo do avanço do desmatamento que tem no oeste do Pará uma das suas fronteiras mais ativas.

 

*Jornalista no IPAM, bibiana.garrido@ipam-staging.chama7.com



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also

Teste 20250816 1605

Teste 20250816 1605

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Aliquam vitae lorem consectetur ante scelerisque elementum. Duis feugiat sollicitudin aliquam. Curabitur justo enim, pulvinar nec convallis ac, porttitor quis urna. Etiam tincidunt fringilla odio in...