O apagão das brigadas indígenas e a vulnerabilidade das terras indígenas aos incêndios na Amazônia brasileira em 2021

5 de agosto de 2021

ago 5, 2021

Ananda Santa Rosa de Andrade, Elcio Manchineri, Matheus Bandeira, Martha Fellows, Fernanda Bortolotto , Maria Auxiliadora Cordeiro da Silva, Dra. Ane Alencar

Na Amazônia brasileira, o uso do fogo é praticado milenarmente pelos povos originários. A prática da queimada foi intensificada na região quando a abertura de estradas no coração da maior floresta tropical do planeta promoveu a ocupação da Amazônia pelos povos não indígenas (Gadelha, 2002; Becker, 2004). Tal fato resultou na transformação da paisagem reduzindo as áreas de vegetação nativa, permitindo a expansão da pecuária desordenada, incentivando a homogeneização dos cultivos agrícolas, o que aumentou a pressão antrópica sobre as Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC); por consequência, o aumento dos incêndios florestais.

As queimadas, a priori, estão quase sempre relacionadas aos impactos negativos, como a destruição da flora, os aumentos de fumaça e fuligem, queimaduras e mortes de animais, e a um custo exorbitante aos cofres públicos (Mendonça et al., 2004; Campanharo et al., 2019). Contudo, nem toda prática de queimada resulta em impactos negativos e deve ser estigmatizada, como é o caso das queimadas tradicionais. O uso do fogo faz parte de culturas milenares e o significado vai além da compreensão científica, com sentido único para cada povo, sejam eles indígenas, extrativistas, ribeirinhos, ciganos etc. O fogo tradicional jamais é ilegal e não tem responsabilidade sobre a degradação ambiental ocorrida nos últimos anos (Mistry et al., 2005; Welch et al., 2013). Grande parte dos incêndios que atingiram as TIs são ilegais e originados por queimadas nas adjacências delas ou decorrentes de atividades ilegais praticadas por não indígenas (Fellows et al., 2021)

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